Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)

Fundação Oswaldo Cruz é uma instituição vinculada ao Ministério da Saúde é a mais destacada na área de ciências e tecnologia em saúde da América Latina.

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A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) é uma instituição vinculada ao Ministério da Saúde, portanto, ligada ao governo federal, e que atua na pesquisa e no desenvolvimento científico e tecnológico da saúde brasileira. É a organização com mais destaque, na América Latina, na área de ciências e tecnologia em saúde.

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Um dos focos da Fiocruz é realizar pesquisas nas áreas de medicina experimental, biologia e patologia, produzindo e fabricando medicamentos e vacinas para melhorar a qualidade de vida e a saúde pública da população brasileira.

As vacinas e os remédios produzidos pela fundação visam a fortalecer e consolidar o Sistema Único de Saúde (SUS) — política pública brasileira de atenção à saúde da população do Brasil — e, com isso, diminuir as desigualdades sociais relacionadas à saúde dos brasileiros.

Por fim, a Fiocruz forma e aperfeiçoa profissionais de saúde e pesquisadores para atuar nos mais diversos campos, em especial no SUS. Há oferta de diversos cursos (presenciais e à distância) de especialização, mestrado, doutorado, entre outros.

Leia mais: Instituto Butantan – instituição de pesquisas biomédicas brasileira reconhecida mundialmente

Tópicos deste artigo

O que faz a Fiocruz?

Arquitetura do Castelo da Fiocruz é no estilo neomourisco. [1]
Arquitetura do Castelo da Fiocruz é no estilo neomourisco. [1]

A Fiocruz atua no campo da educação e do desenvolvimento científico e tecnológico da área de saúde no Brasil. Dentre suas principais atividades, destacam-se:

  • Participação nas políticas nacionais da área de saúde brasileira;

  • Realização de pesquisas e produção de tecnologias e produtos para ampliar o o à saúde;

  • Fabricação de medicamentos, fármacos, vacinas e outros produtos de interesse para a saúde;

  • Promover a pesquisa, o ensino e o desenvolvimento tecnológico para preservar o meio ambiente e a biodiversidade;

  • Desenvolvimento de atividades para auxiliar o Sistema Único de Saúde.

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História da Fiocruz

A Fiocruz começou suas atividades no dia 25 de maio de 1900, na Fazenda de Manguinhos, na Zona Norte do Rio de Janeiro. O nome da fundação é em homenagem ao médico sanitarista Oswaldo Cruz, que participou ativamente da sua criação.

A história da Fiocruz começou em 1899, quando a prefeitura do Rio de Janeiro, então capital do Brasil, solicitou ao Instituto Vacínico Municipal do Rio de Janeiro que produzisse soros e vacinas contra a peste bubônica. Para atender essa demanda, nasceu, no dia 25 de maio de 1900, o Instituto Soroterápico Federal.

O instituto era comandado pelo barão Pedro de Affonso e por Oswaldo Cruz. O primeiro deixou a função, mas o médico continuou. No ano de 1901, a futura Fiocruz ou a fazer parte do governo federal. Com a expansão das atividades, a organização começou a elaborar reformas sanitárias, buscando combater não só a peste bubônica como também a febre amarela e a varíola.

Em 1907, o Instituto Soroterápico Federal alterou o seu nome para Instituto de Patologia Experimental de Manguinhos. No ano seguinte, ou a chamar-se Instituto Oswaldo Cruz.

Em 1970, a Fundação de Recursos Humanos para a Saúde foi transformada, por decreto, em Fundação Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz). Já em 1974, a organização ou a chamar-se Fundação Oswaldo Cruz.

Veja também: Revolta da Vacina – motivada pela campanha de vacinação obrigatória de Oswaldo Cruz

Primeiros médicos da Fiocruz

Oswaldo Cruz e Carlos Chagas foram os dois médicos que fizeram parte da diretoria da Fiocruz nos seus primeiros anos. A trajetória profissional de ambos se confunde com a história própria fundação. Leia um resumo sobre os dois médicos:

  • Oswaldo Cruz

O nome da Fiocruz é em homenagem ao médico Oswaldo Cruz.
O nome da Fiocruz é em homenagem ao médico Oswaldo Cruz.

Oswaldo Gonçalves Cruz nasceu em São Luís do Paraitinga (SP), em 5 de agosto de 1872, mas, dois anos depois, sua família transferiu-se para o Rio de Janeiro. O interesse do futuro médico pela microbiologia começou na infância, quando ele montou um pequeno laboratório no porão de sua casa.

Cruz graduou-se na carreira de Medicina em 1892, no Rio de Janeiro. Durante o curso, publicou artigos relacionados à microbiologia, e seu trabalho de conclusão de curso teve como tema “A veiculação microbiana pelas águas”. No final dos anos 1800, o cientista estudou microbiologia, soroterapia e imunologia no Instituto Pasteur, em Paris.

Já na direção da Fiocruz, o médico adotou métodos inéditos para conter enfermidades, como:

  • o isolamento dos doentes;

  • a notificação compulsória dos casos positivos;

  • a captura dos vetores (mosquitos e ratos);

  • a desinfecção das moradias em áreas de focos.

Em 1913, foi eleito para a Academia Brasileira de Letras (ABL). Dois anos depois, retirou-se da direção da Fiocruz. No mesmo ano, mudou-se para Petrópolis e, posteriormente, tornou-se prefeito dessa cidade. Oswaldo Cruz morreu no dia 11 de fevereiro de 1917 devido à insuficiência renal. Para saber mais sobre esse importante cientista brasileiro, leia: Oswaldo Cruz.

  • Carlos Chagas

Carlos Chagas foi um cientista brasileiro de grande renome.
Carlos Chagas foi um cientista brasileiro de grande renome.

Carlos Justiniano Ribeiro Chagas nasceu em 9 de julho de 1879, na cidade de Oliveira, em Minas Gerais. Em 1897, ingressou na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, atual Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A tese de fim de curso do futuro médico teve como tema a doença malária e chamou-se “Estudos hematológicos no impaludismo”. Durante suas pesquisas, Chagas começou a ter contato com Oswaldo Cruz.

No ano de 1905, o médico mineiro atuou na campanha nacional contra a malária. Para isso, Chagas defendeu o combate do mosquito no interior das casas, desinfetando-as pela queima de piretro. Essa campanha serviu como experiência para combater a doença em todo o mundo.

Em abril de 1909, Carlos Chagas descobriu uma nova doença chamada tripanosomíase americana, também conhecida como doença de Chagas.

Após a morte de Oswaldo Cruz, em 1917, Carlos Chagas assumiu a diretoria da Fiocruz. Entre os destaques do seu trabalho, esteve a investigação de epidemias que ocorreram na zona rural brasileira. Para haver um local onde se pudesse pesquisar esses males, ele criou o Hospital Oswaldo Cruz, em 1918. No ano de 1942, o local ou a chamar-se Hospital Evandro Chagas.

Durante a gestão de Chagas, foram organizadas áreas mais específicas dentro do então Instituto Oswaldo Cruz, entre as quais: bacteriologia, anatomia, zoologia e protozoologia. Ainda sob a direção do médico, os remédios produzidos no local aram a ser comercializados.

Uma outra ação de destaque da Fiocruz, durante o comando de Chagas, foi a criação do Departamento Nacional de Saúde Pública (DNSP), vinculado ao Ministério da Justiça. O departamento é considerado o precursor da nacionalização das políticas de saúde e saneamento no país.

Carlos Chagas morreu no dia 8 de novembro de 1934, devido a um infarto de miocárdio.

Fiocruz no Brasil

A Fiocruz conta com estas 11 unidades técnico-científicas no Rio de Janeiro:

  1. Casa de Oswaldo Cruz

  2. Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp)

  3. Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (ESPJV)

  4. Instituto de Ciência e Tecnologia em Biomodelos (ICTB)

  5. Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict)

  6. Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos)

  7. Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos)

  8. Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS)

  9. Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI)

  10. Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF)

  11. Instituto Oswaldo Cruz (IOC)

Há, ainda, mais 10 unidades e escritórios nos estados de:

A fundação possui também uma unidade em Maputo, na capital do Moçambique.

Fiocruz conta com uma unidade em Salvador, capital da Bahia. [2]
Fiocruz conta com uma unidade em Salvador, capital da Bahia. [2]

Destaques da Fiocruz

Com mais de cem anos de atuação em prol da saúde brasileira, a Fiocruz coleciona diversas atividades que ganharam destaque. Confira algumas:

  • 1911: o então Instituto Oswaldo Cruz ganhou diploma de honra na Exposição Internacional de Higiene e Demografia de Dresden, na Alemanha, pela descoberta da doença de Chagas.

  • 1937: a vacina brasileira contra a febre amarela produzida na Fiocruz foi adotada. Segundo dados da fundação, atualmente 80% das vacinas contra essa doença são produzidas na fundação.

  • 1970: a Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp) foi incorporada à Fiocruz. Em suas salas, foram delineados os primeiros projetos que levariam à implantação do SUS.

  • 1970: o regime militar cassou os direitos políticos de cientistas da Fiocruz. O episódio ficou conhecido como Massacre de Maguinhos.

  • 1976: foram criados o Bio-Manguinhos — maior centro produtor de vacinas e kits e reagentes para diagnóstico laboratorial de doenças infecto-parasitárias da América Latina — e o Farmanguinhos.

  • 1987: equipes da Fiocruz isolaram, pela primeira vez no Brasil, o vírus HIV, causador da aids. Depois desse episódio, a fundação ou a participar da Rede Internacional de Laboratórios para o Isolamento e Caracterização do HIV-1, coordenada pelo Programa Mundial de Aids, da Organização Mundial de Saúde (OMS).

  • 2006: a Fiocruz foi agraciada com o Prêmio Mundial de Excelência em Saúde Pública, concedido pela maior e mais importante instituição de saúde pública no mundo, a Federação Mundial de Associações de Saúde Pública. Ainda nesse ano, a fundação ganhou a Ordem do Mérito Científico Institucional, a mais importante honraria concedida anualmente pelo governo federal.

  • 2006: a Fiocruz realizou o sequenciamento do genoma da vacina BCG, em conjunto com a Fundação Ataulpho de Paiva.

Vacinas

Confira algumas vacinas que a Fiocruz já produziu:

  • Febre amarela: 1937

  • Meningite A e C: década de 1970

  • Haemophilus influenzae tipo B (Hib): 1999

  • DTP e Haemophilus influenzae tipo B (Hib): 2001

  • Tríplice viral: 2003

  • Rotavírus humano: 2008

  • Pneumocócica 10-valente: 2010

  • Poliomielite inativada (VIP): 2012

  • Tetravalente viral: 2013

e também: 5 mitos sobre vacinas

Bio-Manguinhos

O Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos) foi fundado em 1976, no campus da Fiocruz. Essa é a unidade que realiza pesquisas, inovações e desenvolvimentos tecnológicos para produzir vacinas e reativos para todo o Brasil.

Situado na Bio-Manguinhos, o Complexo Tecnológico de Vacinas (CTV) atua na produção de vacinas para atender o calendário estabelecido pelo Ministério da Saúde. O complexo, um dos maiores centros da América Latina, fornece a vacina da febre amarela à Organização Mundial da Saúde (OMS).

As vacinas da Bio-Manguinhos são distribuídas a todos os brasileiros de forma gratuita. No ano de 2020, foram entregues mais de 111 milhões de doses de vacinas.

Segundo a Fiocruz, as vacinas somente são produzidas pelo Bio-Manguinhos; o instituto não aplica os imunizantes. Para isso, existe o Centro de Referência em Imunológicos Especiais (Crie), especializado na aplicação das vacinas. O Crie está localizado no Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas.

Farmanguinhos

Criado em 1976, o Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos) da Fiocruz atua na pesquisa, produção, inovação e desenvolvimento tecnológico de medicamentos. Além disso, o instituto tem como objetivo ampliar o o dos brasileiros à saúde pública.

O Farmanguinhos é o maior laboratório farmacêutico oficial vinculado ao Ministério da Saúde. Ao todo, o instituto fabrica cerca de 33 tipos de medicamentos, entre os quais antibióticos, anti-inflamatórios, anti-infecciosos, antiulcerosos, analgésicos, para doenças endêmicas, como malária e tuberculose.

São produzidos, ainda, antirretrovirais para tratamento da aids e hepatites virais e remédios para o sistema cardiovascular e o sistema nervosos central.

Por ano, o Farmanguinhos produz mais de 2,5 bilhões de unidades de medicamentos, os quais são distribuídos à população por meio do SUS.

Coronavírus

Em 2020, a Fiocruz capacitou profissionais de saúde do Brasil e da América Latina para realizarem o diagnóstico laboratorial do coronavírus (Covid-19). Nesse mesmo ano, a fundação firmou parceria com a Universidade de Oxford, da Inglaterra, e o laboratório AstraZeneca, também inglês, para produzir a vacina dessa doença no Brasil.

No dia 17 de janeiro de 2021, a Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o uso emergencial dessa vacina. Dados da Fiocruz indicam que há previsão de entrega de 210,4 milhões de doses para a população ainda em 2021, por meio do Programa Nacional de Imunizações do SUS.

Em curto prazo, a vacina também será produzida no Brasil por pesquisadores no Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos).

Arquitetura da Fiocruz

Oswaldo Cruz, que estudou no final dos anos 1800 no Instituto Pasteur, na França, inspirou-se na arquitetura dessa organização sa e fez um desenho de como imaginava um instituto semelhante no Brasil. A Fiocruz foi projetada pelo arquiteto português Luiz Moraes Junior e construída entre os anos 1905 e 1918.

Inspirado na arte hispana-muçulmana, o Castelo da Friocruz, também chamado Pavilhão Mourisco ou Palácio das Ciências, conta com azulejos portugueses e mosaicos em tapeçaria árabe. O destaque vai para uma cúpula em planta octogonal e feita em cobre.

Pela grandeza do projeto arquitetônico no estilo neomourisco, o castelo foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em 1981. O espaço abriga a parte istrativa da fundação.

O Castelo da Fiocruz pode ser visitado e integra o tour oferecido pelo Museu da Vida, Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz).

Crédito das imagens

[1] Econt / Commons

[2] Joa Souza / Shutterstock

 

Por Silvia Tancredi
Jornalista

Escritor do artigo
Escrito por: Silvia Tancredi Jornalista graduada na Universidade Federal de Goiás (UFG). Possui experiência em todos os veículos de comunicação, especialmente na internet. Tem muita afinidade com jornalismo cultural. Adora música, artes, cinema, literatura e idiomas.
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TANCREDI, Silvia. "Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)"; Brasil Escola. Disponível em: /curiosidades/fundacao-oswaldo-cruz-fiocruz.htm. o em 07 de junho de 2025.
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